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quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Sínodo sobre a família


O Papa Francisco convocou o próximo extraordinário Sínodo dos Bispos, a realizar em Outubro de 2014, para debater «os desafios pastorais da família no contexto da evangelização».

Este anúncio, tornado público, no início desta semana, dá bem entender o que o Papa quer que sejam as respostas ‘a consultas reais, não formais’, foi referido pelos serviços de informação do Vaticano.

É com grande contentamento que escuto esta iniciativa papal, pois, sentia que era precisa da parte da Igreja católica – universal e diocesana – uma abordagem sobre um assunto que pode ser ainda a salvaguarda da nossa história humana e cultural… tais têm sido os ataques nos tempos mais recentes. Por vários modos, nas instâncias eclesiais onde posso intervir, tinha manifestado esta urgente necessidade. Por isso, agradeço a Deus que o Papa Francisco tenha tomado esta iniciativa… a médio prazo.
Pela complexidade do tema ouso apresentar algumas das vertentes – sem qualquer pretensão de hierarquizar as questões – que gostaria de ver respondidas na preparação, seja diocesana, seja paroquial e superiormente respondidas no Sínodo e, claro, na sua execução… colocando ainda perguntas mais ou menos simples.

1. A família é célula da sociedade. Como poderemos pensá-lo, senti-lo e vivê-lo, hoje?

2. A família constitui-se pela estabilidade de relação entre um homem e uma mulher. Como poderemos enquadrar outros sistemas com respeito e dignidade, mas com firmeza de valores?

3. A família é santuário da vida. Como pode ser vivida a opção em ter filhos quando o hedonismo e uma certa sexualidade desenfreada se sobrepõe ao amor responsável?

4. A família precisa de estabilidade. Como poderão ser educados os filhos num enquadramento onde nem sempre são valorizados como a melhor fortuna e herança, agora e no futuro?

5. A família é escola de fraternidade. Será possível gerar diálogo de gerações, quando não há tempo nem espaço para a partilha de vida séria, serena e saudável… nem para os mais velhos e frágeis?

6. A família é o espaço privilegiado da educação. Como se poderá coordenar esta tarefa com tantos outros intervenientes, tais como a escola, a Igreja e a sociedade em geral?

7. Na família se cuida e se é cuidado. Que estratégias terão de ser criadas para que todos sem sintam amados e capazes de amar atenta e gratuitamente?

8. Na família se transmitem valores, sobretudo de índole altruísta. Como se poderá valorizar a intercomunhão se as pessoas não fazem da casa senão uma espécie de hotel e/ou pensão?

9. Na família se aprende o valor do trabalho, do dinheiro e mesmo do bem comum. Como se poderá educar para a responsabilidade mesmo no tocante às coisas de natureza material e não na versão de consumo?

10. Na família se aprende a rezar e a colocar Deus na vida e nos critérios de conduta pessoal e moral. Teremos sabido transmitir a experiência de Deus e o conhecimento pessoal de Jesus Cristo na vida mais do que com lições mas com convicções?

Feita esta espécie de divagação, gostaríamos que o Sínodo sobre a família não fosse uma oportunidade perdida nem sequer uma ocasião para acusações, mas antes um momento de criar sinergias, onde todos queremos aprender e pouco ensinar, para além de interagir e de comunicar. Com efeito, a nossa marca de vivência em família será sempre o que mais (consciente ou inconscientemente) levaremos como código de toda a nossa vida… Há, no entanto, grandes linhas que ainda podem reger a nossa conduta pessoal, de grupo, de sensibilidade ou mesmo de dimensão espiritual. Porque acreditamos na família cristã – isto é, com raízes judaico-cristãs na história da nossa cultura – saudamos esta proposta do Papa e, queira Deus, que sejamos dignos da tarefa que nos é confiada.

Parafraseando, dizemos: cristãos de todo o mundo, uni-vos em defesa da família!

 

 António Sílvio Couto
(asilviocouto@gmail.com

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