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segunda-feira, 21 de outubro de 2013

A quem interessa espicaçar o (nosso) povo?


Num destes dias tive – em razão da função eclesial que exerço – de ir a uma festa de aniversário de uma associação de reformados, pensionistas e idosos, onde a maior parte das intervenções incluíram palavras como: luta e revolução, direitos e combate, crise e austeridade, manifestações e reivindicações… em discursos e linguagens tão repetitivos que mais pareciam cassetes, pois os cd’s precisariam de auto repetição!

O contexto sócio/político situa-se ao sul do rio Tejo e, por isso, tais expressões são muito comuns nesta zona, embora haja outras formas de pensamento e se usem também modelos ideológicos que não privilegiam tais acirramentos do povo para se fazerem notar. No entanto, dado o contexto social e económico em que vamos vivendo, parece-nos oportuno questionar quais serão os (reais ou virtuais) interesses em espicaçar deste modo sistemático o povo… simples, manipulado e, infelizmente, empobrecido.

= Perguntas e interrogações… no presente

Diante das manifestações – ditas (algumas) sindicais – será de perguntar: o número é de trabalhadores (atuais, reformados ou desempregados) ou será, antes, estratégia partidária? A ser esta não houve mais votos autárquicos do que participantes… na mais recente manifestação/desfile de autocarros?

Diante da linguagem inflamada de alguns – pretensos dirigentes – será de questionar: onde pensam encontrar dinheiro para continuarmos a viver sem sobressaltos? Vive-se hoje pior do que há quarenta anos ou somos nós que desequilibramos a balança com hábitos mal adequados à (não) nossa criação de riqueza?

Perante certas críticas – muitas daqueles que nos fizeram cair no fosso – será de perguntar: agora têm respostas, mas quando governaram só criaram problemas… sobretudo aos vindouros? Estes – de tão envelhecidos que estão – serão parte da solução ou vão agravar mais o problema?

Perante uma contestação sistemática – quase parece um sistema de ocupação do tempo de não trabalho – de certas forças e meios será de questionar: querem que o poder caia na rua ou querem que a rua seja o palco do poder? Este é de serviço ou antes de imposição… nem que seja pela exaustação ou será pela ambição desenfreada dos mais barulhentos?

 = Sugestões e propostas… para o futuro

Porque ainda acreditamos em que a democracia tem potencialidades de ser aprofundada, amadurecida e até, se preciso for, refundada, sugerimos breves propostas:

- Façam com que o voto seja obrigatório, deixando de haver que quem vota ou quem não vota tenha a mesma razão, mas nunca se comprometa na solução.

- Tornem os lugares de decisão espaços de educação, tanto pela forma, como pelo conteúdo, pois, no presente, a Assembleia da República mais parece uma arena de malcriadez do que a (dita) casa da democracia… pelo menos diante das câmaras televisivas.

- Obriguem a que só seja aceite na ‘sublime arte da política’ quem se preparou e não quem é empurrado pelas ideologias e/ou para pagarem favores de interesses de grupos e lóbis.

- Fomente-se a cultura da verdade e não se tente difundir o manto da mentira para que se crie o descrédito de tudo e de todos… menos do seus apaniguados.

- Faça-se com que os melhores (cultural, intelectual e humanamente) tenham gosto e honra em estarem ao serviço do bem comum e não com que, quem não presta, seja promovido, votado e empossado em lugares de responsabilidades… tanto na dimensão política como social e económica ou outras.

Nesta época de viragem não podemos continuar a usar as mesmas armas para enfrentar os atuais problemas, pois estes, além de criarem novos e urgentes desafios, trazem-nos a certeza de que os métodos anteriores – muitos deles totalitários – já faliram noutras paragens, por isso, será de precaver-se para com os mentores de coisas que perderam atualidade, tanto na forma como no conteúdo e até nos intérpretes. É preciso abrir os olhos e ser mais inteligente, descobrindo quem nos tenta enganar!

 

António Sílvio Couto

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