Em
2010/11, cada estudante do ensino superior custou, anualmente, cerca de seis
mil euros. Atendendo aos dados revelados por um estudo universitário, divulgado,
por estes dias, podemos inferir que cada estudante do ensino superior
(universitário ou de outro grau académico com idênticas exigências... ao nível
teórico) custou ao Estado três mil e
seiscentos euros... num universo de mais de trinta mil utentes/clientes desta
fase de instrução... comparticipando, por seu truno, o setor privado
(estudantes e famílias) com mais de sessenta por cento dos custos.
Diante
destes números como que temos refletir sobre vários aspetos subjacentes à
questão e de nos perguntarmos sem receio sobre outros problemas mais profundos:
= Ao
vermos o esforço e o sacrifício de tantas famílias para que os seus filhos e
outros parentes possam usufruir de maior capacidade de instrução, perguntamos:
- Os
nossos estudantes sabem aproveitar, devidamente, este esforço das suas famílias
e mesmo dos contribuintes em geral?
= Quando
vemos muitos dos nossos estudantes a gastarem muitas das suas energias mais em
festas e em divertimentos do que nos estudos, perguntamos:
- Com certos
forrobodós – semanas académicas e queimas das fitas, recepções ao caloiro e rituais
de final de curso – poderemos levar a sério quem prepara o seu futuro com tais
comportamentos?
= Quando
vemos uma maior promoção de atividades extra-curriculares do que a atenção dada
aos estudos, como que inquirimos:
- Certos
adereços (pretensamente) estudantis – como tunas e até torneios desportivos,
seja qual for a modalidade – servem de cobertura ou de distração para quem
estuda?
= Perscrutando mais ou menos como funcionam certos
mecanismos estudantis, temos de ser minimamente sérios no trato dos gastos de
cada estudante e, por isso, perguntamos:
- Quando vemos crescer mais a copofonia entre os mais novos do que a
propensão para o estudo, qual será a futuro das gerações agora cambaleando sob
efeitos etílicos?
= Com
tantos interesses em jogo à volta da classe estudantil, sobretudo, no âmbito de
ensino superior, como que ousamos perguntar:
- Quem faz a gestão – órgãos diretivos e projetos de valorização em classe,
categoria e formação – destes ingredientes não estará a explorar as
fragilidades dos ‘estudantes’ em vez de os concentrar na sua valorização mínima
e suficiente?
***
Precisamos de ter ideias claras, distintas e razoáveis para que não nos
andemos a enganar uns aos outros, fazendo de conta que tudo está bem, mesmo que
clamando pela tendência para a gratuidade do ensino superior. Diz o povo e com
razão que aquilo que é gratuito pode não ser de boa qualidade. Deste modo não
podemos valorizar aquilo que valor não tem nem endeusar quem pouco ou nada
vale. Precisamos de fazer reverter em favor comum o esforço de que os nossos
jovens tenham qualidade na sua formação e na capacitação em serem ainda
melhores no exercício das suas profisssões. Não podemos é continuar a pactuar
com incompetências nem com gente que pouco mais não sabe do que prolongar, por
tempo indeterminado, a adolescência à custa dos sacrifícios alheios. Urge, por
isso varrer das escolas de ensino superior quem não estuda e ajudar quem, por
seu turno, quer crescer na sua valorização cultural, servindo os outros. Com
efeito, mais do que um custo o estudo é um investimento, seja qual for o curso
ou a escola. Assim consigamos criar condições para promover os melhores e
relegar para a berma quem não presta, porque explora os familiares e até os
contribuintes!... Faça-se a seleção, já e depressa!
António Sílvio
Couto
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