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quarta-feira, 9 de junho de 2021

Zás-trás-pás (pedro-adão-e-silva)…da liberdade

 


Causou grande furor e suficiente alarido a nomeação governamental de ‘pedro adão e silva’ para comissário executivo das comemorações do ’25 de abril’ de 2024. Conhecido comentador de vários canais, esta figura (pretensamente) distinta da área da ciência politica tem alguma (ou bastante) proximidade aos socialistas, tendo sido dirigente partidário em certo tempo.

Independentemente do custo – ouviu-se dizer que são milhares de euros mensais – e do tempo de duração do contrato (designação ou tarefa), esta ‘comissão de serviço’ como que tem uma feição de arranjinho pelo trabalho já feito e/ou a fazer.

E não digam que, quem discordar da matéria, quem questionar o tema ou até quem colocar suspeita ao indicado, terá de aguentar com os rótulos do costume ou de se amochar perante inquestionável decisão. Se é para ‘celebrar’ a liberdade não se poderá aduzir delito de opinião por não se concordar… O dogmatismo não era epíteto do regime derrubado em 74?  

 1. Antes de mais expliquemos a expressão: ‘zás-trás-pás’. Saída da linguagem popular pode querer dizer tanto de um bolo de fácil e rápida feitura como ainda um modo de confecionar uma sobremesa fresca para tempo de verão, que levando pouco tempo a fazer também se come à mesma velocidade.

Noutros contextos poderá ter a significação de que, estando um determinado acontecimento a terminar, logo outros se empenham em desmontar o que permitiu realizá-lo, quase sem dar tempo a perceber quer a pressa, quer a necessidade em desfazer-se do acontecido… Isto é, rapidez e eficiência em mudar…sem todos se darem conta do sucedido.

2. A habilidade de colocar em lugares de influência quem antes foi fazendo o seu trabalho de promoção da sua ideologia não é novidade nestes anos de ‘democracia’. A maioria dos partidos e forças de intervenção orientada e com fins pretendidos souberam colocar os seus peões de presença, uns mais camuflados e outros de forma mais ostensiva; uns em postos de participação clara e outros na retaguarda; uns com o nome próprio e outros sob pseudónimo ou encobertos pelo disfarce; uns de microfone na mão ou na lapela e outros segurando somente o tripé… Não basta ouvir o que é dito, é preciso saber por quem, onde e quando é dito…

 3. Eis, senão quando, chega a hora do reconhecimento mais público. Em muitos casos leva anos e talvez nem chegue o momento de sair da sombra, recolhendo os louros do ‘trabalho’ realizado. Por uma certa de verdade seria útil sabermos quantas declarações de interesses andam por aí ao serviço de entidades, agremiações ou corporativismo não-declarado.

 4. É lamentável que haja figuras e figurões que considerem ofensivo ter-lhes sido descoberto o plano e confundam a verdade com o maquiavelismo com que tentaram disfarçar os assuntos. É pena que alguns só contem com a sua esperteza e menosprezem a inteligência alheia. A pior forma de ser apanhado nas teias que se andou a tecer é esse indisfarçável pendor com que uns tantos se ofendem por interpostas figuras. Certos pundonores são de mau perder ou de incapacidade em conviver com a denúncia da mentira.

 5. Por vezes vem-me à lembrança a discussão, no lavadouro da aldeia, entre duas filhas de mães de suspeita vida, onde uma dizia à filha: olha, chama-lhe tu, antes que ela te chame a ti! Isto é, antecipa-te a rotulá-la… daquilo que ela pode fazer-te a ti.

Ora, naquilo que tem de questionável sobre a nomeação do dito senhor para o posto de comissário executivo das comemorações dos 50 anos do ‘25 de abril’, nota-se que o evento tão policromado com facilidade se presta a interpretações díspares e, tanto quanto é percetível, isso foi um solene disparate. Antes que venha outro, defenda-se o pretendente.   

 

António Sílvio Couto

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