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segunda-feira, 21 de março de 2016

Celebrar a Páscoa




Ao entrarmos na Semana Santa – a ‘semana maior’ como é designada nalgumas situações e liturgias – podemos e devemos deixar-nos iluminar pela luz da meta, isto é, a Páscoa da Ressurreição, que o tríduo pascal nos ajuda a viver, aprofundar e celebrar… comunitariamente.

. O que é, então, celebrar a Páscoa, numa vivência preparada pela Quaresma e prosseguida no eterno Tempo Pascal?

. Com que sinais podemos e devemos celebrar, neste ‘ano jubilar da misericórdia’, a verdadeira Páscoa da Ressurreição de Jesus e nossa?

. Os ‘aleluias’ – e nalgumas regiões o estralejar dos foguetes e campainhas – festivos da Páscoa significam, verdadeiramente, essa explosão de alegria com que vivemos pessoal e comunitariamente a Páscoa do Senhor?

. Com tantas sugestões exteriores – sociais e de lazer, mais de passeio e menos de comunhão em fé – ainda será fácil celebrar a Páscoa, onde O festejado seja o centro e não a mera oportunidade de fruição hedonista?

. Temos já uma consciência de cristãos fiéis, que sabem escolher o essencial, sem se deixarem seduzir pelo secundário mais ou menos imediatista?

= Agora, olhando para a meta da eterna Páscoa, ousamos considerar que:

- Celebrar a Páscoa é deixar-se tocar pelo poder de Jesus, vivo e ressuscitado;
- Celebrar a Páscoa é desafio a deixar o túmulo do comodismo e correr o risco de viver na vida reconciliada e reconciliadora;
- Celebrar a Páscoa torna-se uma experiência de passagem do espaço do medo para a entrega ao serviço de Deus, na força do Espírito Santo;
- Celebrar a Páscoa implica viver a alegria da ressurreição, que derrota as múltiplas peias do mal em nós e à nossa volta;
- Celebrar a Páscoa exige que nos submetamos em obediência à força do amor contra as insídias do mal e do pecado… claro ou difuso, pessoal ou social, interior ou exterior;
- Celebrar a Páscoa é assinar um pacto com a vida, com o perdão e a com a confiança...em Deus e nos irmãos em comunidade;
- Celebrar a Páscoa é estar presente e disponível sempre...para a Igreja do Senhor;

- Celebrar a Páscoa é deixar-se tocar, no mais íntimo e profundo do nosso ser, pela razão essencial da fé cristã: passar da morte para a vida… assumindo o mais fácil e o mais difícil;

- Celebrar a Páscoa é fazer esse caminho simples e exigente de passar do meu egoísmo e subjetivismo – mesmo religioso e mais ou menos de conforto – para a caminhada comunitária… mesmo que incómoda e não tanto acomodada ao ritmo do que me dá gosto;

- Celebrar a Páscoa é dispor-se a sair dum certo casulo religioso com os ‘meus’ mais próximos para estar à disposição dos outros menos agradáveis e com quem me confronto na caminhada…de vida num espaço, numa Igreja e num tempo concreto, que é este que estamos a viver.

= Será na vivência do percurso do tríduo pascal – Paixão, Morte e Ressurreição – de Jesus em Igreja católica que poderemos apreciar a espiritualidade anual e semanal destes mistérios de fé, pela esperança e na caridade.

Para conseguirmos viver e celebrar a Páscoa, com genuíno espírito cristão, temos de estar em contínua capacidade de conversão, sem menosprezarmos quaisquer sinais que Deus nos dá para sabermos aferir a nossa fé à fé dos outros, tendo por critério a Tradição da Igreja e empenhando-nos em construir uma renovada comunidade inquieta sem ser irrequieta, inquietada pelo Espírito Santo sem se deixar acomodar ao já visto ou feito… mesmo que com proveito noutras épocas.

Páscoa é vida e esta faz-se vivendo ao ritmo de Deus em nós e nos outros!


António Sílvio Couto




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