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quinta-feira, 12 de abril de 2012

Quatro agressões, em média, por dia nas escolas

No ano letivo de 2010/2011 houve 1121 agressões nas escolas portuguesas. Atendendo ao tempo de férias (intercalares e finais) e aos fins-de-semana em que não há atividades letivas, teremos um total de cerca de duzentos e setenta dias de aulas, ter-se-ão verificado, em média, diariamente, quatro agressões nas nossas escolas.
Segundo o ‘Observatório de segurança em meio escolar’, naquele número geral de agressões, são de salientar quase centena e meia de casos sobre professores... no ensino básico e secundário.

Se atendermos ainda aos dados do ano letivo anterior, com mais de três mil e trezentos casos, houve uma diminuição de ocorrências de agressão, cuja tipificação envolve ataques à integridade física, à honra e ao bom nome, bem como atos de vandalismo... 

= Escola retrata ou denuncia a família?

Quem tenha um mínimo de contato com as escolas pode verificar que o ambiente nem sempre é tão saudável como seria desejável. Mesmo sem com isso pretendermos diagnosticar algo de complexo, poderemos considerar que as escolas são como que a ponta do icebergue da sociedade onde os estudantes estão inseridos. Com efeito, às escolas chegam e dos locais de ensino irradiam muitas das preocupações sociais e económicas, éticas e morais, financeiras e profissionais... das famílias e das sociedades, dos grupos e das populações, tanto urbanas como rurais, atingindo os mais instruídos e os menos atentos às coisas do saber.

De fato, poderemos conhecer as famílias de onde procedem os alunos – no sentido etimológico do termo: ‘sem luz’ – se observarmos estes (pretensos) estudantes, tanto na fase de ensino pré-primário, como na etapa do ensino básico, passando pela do secundário e projetando-se no âmbito universitário. E nem sequer a democratização do ensino – tentativa criada mas não ainda conseguida com a revolução de Abril – obnubilou as realidades mais profundas... com muita dificuldade se atenuou e, quase nunca se escondem, as várias fraturas e as instâncias mais variadas dos (nossos) alunos e mesmo professores.

Só com uma correta articulação entre escola e família e vice-versa se poderá criar uma salutar harmonia de intervenientes em todo o processo educativo, assumindo cada qual a sua função sem desculpas nem acusações, tornando-se como que as duas mãos de uma mesma linguagem em favor do futuro de todos, tanto dos diretamente interessados como da sociedade em geral.

Despretensiosamente, ousamos perguntar:

- Como pode e deve a família fazer do processo de ensino um compromisso na dinâmica educativa?

- Como deve e pode a escola fazer participar a família no processo pedagógico sem desculpas nem acusações... mesmo quando acontece um certo insucesso escolar?

- Quando se unirão as duas instituições (família e escola) para serem criadas as condições mínimas e suficientes em ordem a que o ensino seja educação e o processo educativo possa ser corresponsabilidade na ação?

= Ensinar ou educar?

Aprender e ensinar são tarefas que teem de estar muito bem conjugadas, pois quem ensina aprende e quem aprende terá muito a ensinar... mesmo que de forma tácita. O valor do ensino mede-se não pelos conteúdos aprendidos, mas pelas ‘armas’ com que aquele/a que aprende é capacitado para continuar a estudar, aprendendo na escola da vida, muito mais importante do que a escola dos livros e das matérias curriculares.

Ensinar é, sobretudo, educar as faculdades da pessoa humana: inteligência, vontade/emotividade, afetividade... numa crescente capacitação para a maturidade e não de mera reprodução de conceitos, de teorias nem de esquemas... mais ou menos apreendidos ou colados à pressa.

Atendendo às progressivas técnicas de ensino/aprendizagem é cada vez mais urgente que cada estudante apreenda o seu método de estudo, sem tentar reproduzir o ‘já feito’ por outros mas não assimilado por ele. Com efeito, temos cada vez mais truques para fazer boa figura, mas a quantidade de informações nem sempre é digerida por quem as usa ou ardilosamente delas se serve... numa espécie de cultura do ‘copy-paste’.

- Neste campo de atividade como noutros precisamos mais de mestres, por onde passa traduzida a mensagem pelo testemunho do que de professores mais ou menos categorizados, mas que se esquecem de serem educadores dos seus ‘discípulos’ e não de meros alunos.

- Precisamos de professores vocacionados para a educação e não de certos formadores em matérias sem alma.

- Ensinar é educar com amor e esperança.

Nota – Para quem considera a empresa ‘parque escolar’ uma festa como se poderá explicar a inflação (para o dobro ou o triplo) de preços aquando das obras em certas escolas? Foi incompetência ou corrupção? O tempo se encarregará de esclarecer...

António Sílvio Couto

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