O caso conta-se em poucas palavras: na 6.ª feira, dia 10, comecei a receber uma sms com a indicação de ir-me-ia ser enviada uma mensagem de convocação para segunda dose da vacina anti-covid-19. De facto, no sábado, dia 11, às três e três da manhã, chegou a tal mensagem, convocando-me para ir, na 2. ª feira, dia 13, ao local de vacinação, às 10.50 horas... no domingo, dia 12, às 21.22 horas, voltei a receber a mensagem para a receção da 2.ª dose de vacina... recomendando que não me esquecesse.
Tudo
isto teria sido normal e de boa diligência não tivesse eu já rececionado a tal
segunda dose no dia 22 de junho, às 9.55 horas, no mesmo local e não tivesse
também o ‘certificado de vancinação’ impresso em meados de julho...até para
poder circular durante uns breves dias de férias fora do espaço de residência
habitual.
Entretanto,
nesta semana que está em curso circulou a informação – emitida pela task force
encarregada do processo – de que 90 mil utentes não compareceram à segunda dose
de vacinação contra a covid-19. Efetivamente se os casos faltosos forem como o
meu, talvez tenham outra impressão dos dados recolhidos e mesmo da total
eficiência dos serviços. No afã de querer vacinar o maior número possível de
pessoas – já ter-se-ão atingidos 8.273.795 com a segunda dose – dá a impressão
que algo começa a tornar-se exagerado...
Por
estes dias foram dadas indicações de alívio quanto ao uso da máscara nos
espaços públicos. No entanto, manda o bom senso que não se corram riscos nem se
possa hipotecar o conquistado com leviandades de uns tantos. Embora a sugestão
tenham sido feita, boa parte da população continua a conviver de máscara
colocada e mantendo-se a obrigação nos espaços interiores. Como dizem alguns
mais observadores, por entre sarcasmo e anedótico: a máscara favorece muita
gente, evitando-se ainda caras nem sempre tão prazenteiras como se acham...
Um
resquício da população pretende negar que haja covid-19 e nem os milhões de
mortos em todo o mundo – e quase dezoito mil no nosso país – consegue demover
tais intentos nuns tantos/as apostados em querem ser ora negligentes, ora
parvos, ora inconsequentes, pois se estiverem doentes – infetados ou internados
– podem tornar-se um perigo para a saúde pública e o bem estar alheio... dado
que o respeito por si mesmos denunciam não cultivarem minimamente.
Deu
algum alarme as ofensas publicitadas contra um órgão de soberania. Já outros
mais exagerados nos protestos tinham chamado a atenção. Mas o que mais custa
aceitar é que estas pessoas se acham no direito de serem perigos públicos só
pela simples razão de que a sua ‘liberdade’ individual perturba o bem comum...
Esta ditadura da insenatez não merece respeito nem pode continuar a ser propagandeada
de forma impune.
= Já será tempo de
colher lições desta pandemia?
Decorridos
quase dois anos de pandemia do ‘covid-19’ fomos reapredendo a viver, a conviver
e a sobreviver. Tudo mudou. Quase tudo se tornou tema de apreensão. Na maioria
dos casos parecia que a própria sombra ampliava a desconfiança, o medo e a
suspeita interiores e exteriores.
-
Quem não sentiu a vulnerabilidade da vida? Quem não sentiu, ao ver tantos a
morrerem de repente, que a nossa vida sempre está por um fio, basta um pequeno
sopro e finamo-nos? Quem não se apercebeu que somos, sem disso nos darmos
conta, um perigo à solta uns para os outros?
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As nossas relações humanas são suscetíveis de serem modificadas. A convivência
social tem novas regras, até pelo excesso dos tempos anteriores. Espaços e
oportunidades de convivialidade têm de ser diferentes. Dá a impressão que foi
semeada a desconfiança e que nos tornamos mais retraídos uns para com os
outros.
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Pelo que se tem visto neste destapar das condicionantes gerais, estamos a
correr riscos que podem fazer retroceder todo o processo de desconfinamento.
Paira no ar a suspeita, a dúvida e ainda bastante medo!
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Não podemos continuar a viver com esta espada de Dâmocles coletiva...sobre a
cabeça. Cuidado!
António Sílvio Couto
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