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quarta-feira, 30 de agosto de 2017

30 de agosto: princípio dum pesadelo?



No dia 30 de agosto de 2017 a ‘autoeuropa’ esteve em greve... total ou com forte adesão, sejam quais forem as fontes noticiosas.

Custos desta greve: cinco de milhões de euros de prejuízo e a não-produção de 400 veículos. É a primeira vez que, nesta empresa internacional, se fez uma greve... para além das ‘greves gerais’ de ritual.

As causas para este ato de greve são diversas e resumem-se a ter mais um dia de trabalho ao sábado –com uma folga durante a semana...para além do descanso ao domingo – durante dois anos, sendo acrescido dum adiocional no salário de 175 euros mensais, com mais um dia de férias e um aumento salarial mínimo de 16%... Tudo isto tem a ver com a produção do novo veículo automóvel a sair daquela fábrica a partir de fevereiro próximo...

A administração já ameaçou para a deslocalização da produção do novo carro para fora de Portugal, podendo ir para a pátria-mãe da empresa... O número de veículos a sairem da ‘autoeuropa’, em 2018, seria de 240 mil carros, isto é, mais do dobro dos produzidos no ano passado...

É digno de registo que se diga que esta empresa multinacional contribui com 1% do produto interno bruto português, num valor de 1,500 milhões de euros. 

= Diante deste conflito há questões que se podem/devem colocar:

* Esta situação surge nas vésperas duma festa dum órgão partidário com grande participação popular. Será isto um bom mote de reivindicação para destoar da (pretensa) concórdia que reina na geringonça? Será coincidência ou articulação?

* Há vozes doutras colorações partidárias (de esquerda) que se insurgem contra o timing do assunto. Será que é uma guerra de protagonismos entre forças sindicalistas? Quem saiu não soube ou não foi capaz de deixar continuação na harmonia laboral?

* Atendendo às múltiplas pequenas empresas que estão dependentes da ‘autoeuropa’ – dizem que haverá mais 50 mil empregados adstritos – dá a impresão que, se algo acontecer de nefasto, a zona sul do Tejo viverá uma crise social e económica muito grave. Os reivindicadores estarão a pensar pela sua cabeça ou serão antes manipulados pelos mentores sindicais afetos à destruição dos meios de produção? Ainda não se aprendeu com outras situações ligadas ao setor de produção?  

* Neste como noutros casos do passado de quarenta anos de democracia, temos visto que, na hora da festa todos estão a fazer barulho, mas na hora da desgraça a maioria fugirá como baratas ou ratos de porão. A quem interessa desfazer o que custou tanto a construir? Não continuaremos a andar enganados por certas forças abutres, que se alimentam dos restos dos mortos e se comportam como necrófilos abjetos sem lei nem ética?  

= Fique claro: que se, no futuro próximo, se verificar o colapso deste empregador não venham solicitar ajuda às entidades socio-caritativas geridas pela Igreja católica: vão pedir ajuda àqueles que os enganaram e os usaram para fazerem o jogo da destruição do seu bem-estar. Não venham como argumentos melicosos de ‘ter tempo para a família’, pois uma parte desses empregados da ‘autoeuropa’ usam o tempo extra-trabalho para tudo menos para a família...

Por favor: não se deixem enganar, mas usem a cabeça com o mínimo de racionalidade e não o estômago com excesso de frivolidade!

O assunto é sério em excesso para ser tratado como diversão estival com implicações lá para a primavera. Temo que, quando acordarem, já seja tarde e estejamos todos a carpir as mágoas de quem só sobrevive sobre a miséria e a pobreza alheias.

Tantos anos depois, é hora de acordar, sabendo que é amigo ou inimigo do povo e dos trabalhadores... essas entidades que tantos evocam, mas tão pouco conhecem, de verdade!

 

António Sílvio Couto



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